sorriso

Era um dia especial numa escola: muita correia dos alunos a sair um pouquinho da ordem, muita correria dos professores a retomá-la. Muitas apresentações sobre o dia da Consciência Negra, enfim um belo espetáculo de, sobretudo, cores.

A fila cresce para meninas. São muitas meninas. Ansiosas  e desejosas de participarem de um evento específico:turbante.

O turbante é mais uma das formas de identidades dos negros — nada de morena, nem mulata— afirmava a palestrante oficineira. Ela tinha diversas habilidades: enquanto trançava cabelos, tecia histórias…

Uma cadeira foi posta no centro da sala para evidenciar todo aquele processo. A menina foi chamada:

— agora é a sua vez, disse a palestrante.

A menina, tímida, franzina, de olhar quase sempre para baixo, quase sempre desviante dos olhos de seus interlocutores começou a corar…

— vai, fulana! É a sua vez!  Disseram as professoras.

—vem, você ficará ainda mais bonita do que já é! Disse a palestrante.

Essa ainda mais bonita do que já é soou, reverberou…

Imediatamente, a menininha sentiu orgulho de si mesma por ser menina, por ser negra e, no futuro, se transformar numa mulher dona de si e dona do seu próprio olhar, dona de sua própria cor.

Nota final: Caro leitor, leia, primeiramente esse texto como se você fosse um adulto. Da segunda vez, leia  como se tivesse 6 anos de idade.